Começar as manhãs com calma...

... ou de como isto não é para os fracos.

Suponho que elas existem. As manhãs calmas, especialmente em dias como este: é sábado, hoje o marido está de folga, o filho mais velho já não tem de acordar antes das 7 da manhã para entrar na escola a horas, e o bebé até deu uma boa noite (ainda não uma noite completa, mas, ainda assim, uma boa noite). E existirão mulheres, mães, que têm toda esta cena da parentalidade/dona de casa bem oleada, devidamente documentada no Instagram com # de elevada imaginação.

O meu problema é não ser assim.

Atentemos: para uma manhã que se afigurava calma, pelas razões atrás explanadas, a labuta começou às 06:35, com o #pedrotornado a rebolar-se no berço porque, pasme-se, tinha mamado fazia três horas e estava na altura de voltar à carga. Foram cerca de 10 minutos de intensa sucção, após a qual ele retirou a boca e suspirou, como faz sempre que a refeição lhe corre bem e está satisfeito. Desligar a app que contabiliza isto, fazer pause no  episódio da «Super Girl». Levantar o #pedrotornado e pô-lo a arrotar. Mini-arroto (por vezes, parece um taberneiro, mas hoje foi delicado). Deitá-lo. Descer à cozinha e preparar a bomba para tirar leite, porque segunda começamos a laborar e é preciso reservas para duas refeições diárias (quanto é que é isso? Não faço a mínima ideia. Espero que o miúdo não morra à fome). Sentar no sofá. #Pedrotornado começa a fazer-se ouvir, afinal não tinha adormecido. Subir escadas. Pôr-lhe a chucha e dar-lhe a mão para ele brincar – gosta de ir mexericando na fralda, no lençol e nas mãos alheias até dormir, gosta de lhes sentir o toque. Quando para, levantar devagarinho o rabiosque da cadeira (que range), respirar fundo, descer as escadas. Sentar no sofá. As cadelas começam a ladrar. Descer as escadas até à garagem e ir abrir a porta às três miúdas. Dar-lhes de comer. Recolher a roupa que está na cave enquanto elas andam no quintal a fazer a "higiene" matinal. Deixá-las entrar. Subir as escadas com a roupa para passar. Sentar no sofá. Finalmente, quase uma hora depois do pretendido, começo a tirar leite. Quarenta minutos de ordenha, que deram para acabar a «Super Girl» e para aí meio episódio do «Bull». Desmontar a bomba e congelar o leite. Ir preparar o meu pequeno-almoço – assim que as torradas saltam da torradeira, #pedrotornado faz-se ouvir. Subir as escadas. Trazê-lo para baixo e mudar a fralda da noite, cheia de n.º 1 e com um pequeno n.º 2. Colocá-lo na espreguiçadeira, na cozinha, e voltar a aquecer o pão. Tirar o cappuccino. Tirar foto para o Instagram, com a legenda «Para desenjoar dos pequenos-almoços saudáveis» (os que enchem o Instagram, não os meus). Sentar para comer, enquanto falo com o #pedrotornado e o resto do «Bull» está a dar. Assim que a última migalha das duas torradas inicia a descida da laringe, #pedrotornado começa a dar bom uso à fralda recém-mudada. Comer mais duas torradas enquanto ele acaba. Mudar a fralda (felizmente, ainda é só leite, não costuma cheirar muito mal). Voltar a colocá-lo na espreguiçadeira, com chucha, ó-ó e mantinha. Vê-lo aninhar-se (é um pacífico de manhã, este miúdo sorridente). Olhar para o relógio.
São agora 9:00h.*


*(mais várias lavadelas das mãos pelo meio e alguma água bebida).

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